quinta-feira, 28 de outubro de 2010

"A AMANTE"




Ela caminhou por entre os túmulos daqueles que partiram e deixaram saudades. Os crucifixos apreciaram aquela volúpia por entre os mármores, onde aquela bela mulher, com seu vestido preto, de grande decote (Seus seios mostravam uma juventude arrebatadora, quase obceno),transitava. Seus lábios ferviam na vermelhidão do batom vermelho que escolhera especialmente para aquela ocasião (Ele gostava).
Um belo chapéu a protegia do forte sol, e um véu cobria seus olhos a ponto de esconder aquela indecência pecaminosa e tão maravilhosa.
Foi determinada, sem escutar, sem olhar para trás, seu dever era chorar por aquele homem a quem dedicou seus longos anos, sendo a outra. Escolheu por assim dizer ser a outra, para ser livre da entediante vida de casado. Não eram exclusivos um para com outro, o que lhes proporcinavam o prazer de manter aquela relação.
Optou por acreditar em suas próprias mentiras e torna-las suas verdades... Aprendeu que o tempo não espera... Por isso precisou ir o mais rápido possivel para o cemitério, onde o homem com quem teve os melhores momentos de sua vida iria descansar o sono eterno.
Rapidamente chegou perto do caixão, tendo como testemunha todos aqueles olhares perplexos que a chamavam de Vadia com uma simples piscada, todos sabiam, nunca o morto fez questão de esconder, e muito menos ela, o prazer dela era esse, mostrar-se ao mundo (Exibida).
A viúva que até então não havia percebido a presença da bela mulher, levantou seus olhos e ficou abismada com a canalha, como ousava adentrar o satuário de sua sagrada família. Sabia do caso do cafajeste do marido, mas aprendeu a sofrer calada, sozinha, por uma imposição privínciana de seus pais - Até que a morte os separe! - Quando ousou levantar e falar alguma coisa, a amante segurou seu dedo que estava e haste e lhe disse sem rodeios, na cara: - SOU MUITO MAIS VÍUVA QUE VOCÊ, TENHO O MESMO DIREITO OU ATÉ MAIS, PARA CHORAR POR ELE! -
Soltou o dedo da mulher e foi de fronte ao caixão e chorou como uma pecadora arrependida.
Nunca ninguém havia visto tal lamento, e todos se calaram diante da cena. E os anjos disseram AMÉM!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Asas Feridas



"Por que ele precisava amadurecer? Por que aquela necessidade gritava novamente em seu peito? Havia prometido para si mesmo que não seria mais o mesmo!
O destino talvez o levasse para o súbito combate entre seu coração e seu tesão. Optar por algo que conhecia e muito bem, e que sabia as dores e delicias dos dois lados.
Aquele menino, de pés descalços, caminhava em direção ao novo combate, ser um guerreiro implicaria em sofrer novamente, em sentir todas as cicatrizes gritarem em seu peito. Teria tudo aquilo que quisesse, era livre! Os melhores vinhos, as melhores danças, os melhores corpos em sua cama, não se importando, pois não tinha com o que se importar...E assim sua vida continuou...
E Deus colocou diante dele uma tragédia, e mais uma perda aconteceu, e fez com que as asas que aquele menino tinha se ferissem com a lança do destino, as asas da liberdade (Se que aquilo que ele viveu até aquele exato momento foi liberdade), era hora de descansar da batalha. Recompor suas forças...
Com isso ele percebeu outras possibilidades, começou a observar ao seu redor... Viu o tesouro que logo se tornou parte de si... O amor!
Ele viu naquele momento a possibilidade... Desapegar a outra vida era dificil, mas ele tinha que caminhar... E caminhou"
Mas quem era aquele menino de pés descalços, e quais caminhos ele anda?
Ninguém sabe, ninguém viu. Apenas suas pegadas se encontram nas estradas... E se um dia voltar?
Voltará mais forte, pois as batalhas servem para amadurecer... E as cicatrizes para nos lembrar que somos mais fortes do pensavamos...